En la primeira parte deste artigo usamos a metáfora da casa: você constrói algo sólido, seguro e útil. Com o tempo, suas necessidades mudam e você aprende novas formas de melhorá-la. Não é que a casa deixe de servir, mas que você pode imaginar como seria dar um salto em conforto, eficiência e design.
Com o Ethereum acontece algo parecido. Hoje a rede funciona e sustenta milhares de aplicações em todo o mundo. Mas, segundo pesquisadores como Justin Drake e outros desenvolvedores da comunidade, nos próximos anos surgirão novos cenários tecnológicos que poderiam exigir uma camada de consenso mais avançada. É aí que entra a proposta da Beam Chain.
Grande parte desta análise se apoia em um fio de Jarrod Watts na rede social X, além da apresentação de Justin Drake na Devcon 7, e nas discussões abertas da equipe de pesquisa da Beam
(Spoiler: já se começa a falar em um rebranding da Beam Chain para “Lean Chain”… mas essa história contaremos mais adiante).
Hoje o Ethereum é resistente à censura, mas a produção de blocos ainda apresenta riscos de concentração. A maior parte dos blocos é construída por poucos atores especializados em maximizar MEV, o que gera preocupações sobre quem decide quais transações entram primeiro.
A Beam Chain introduz um mecanismo chamado Inclusion Lists (ILs). Em cada slot, 16 validadores selecionam transações diretamente do mempool e formam uma lista que os block builders devem respeitar. Isso significa que, embora continue existindo otimização por MEV, já não seria possível excluir arbitrariamente uma transação.
No modelo atual, a construção de blocos é mediada por relayers como Flashbots, que conectam validadores com block builders. Esse esquema funciona, mas introduz um ponto de centralização nesses intermediários.
A Beam Chain propõe “consagrar” essa separação entre quem atesta e quem propõe blocos, de forma nativa e descentralizada, através de execution auctions. Assim, qualquer um poderia disputar o direito de construir um bloco, sem depender de um relayer central.
Isso não substitui o sistema atual, mas o estende para torná-lo mais aberto e resistente.
Os slots são as janelas de tempo em que os validadores propõem e concordam sobre blocos. Atualmente duram 12 segundos. A Beam Chain os reduziria para 4 segundos, acelerando a propagação de blocos e aumentando o throughput da rede.
Menos tempo por slot implica mais fluidez e, combinado com melhorias na finalidade (que veremos mais abaixo), poderia transformar radicalmente a experiência do usuário: passar de esperar minutos para contar com confirmações praticamente imediatas.
O Ethereum ajusta dinamicamente sua emissão e queima de ETH. Segundo a atividade, pode se tornar inflacionário ou deflacionário em diferentes períodos. Isso hoje é estável, mas exploram-se formas de tornar as recompensas mais previsíveis ao longo do tempo.
A Beam Chain contempla introduzir um stake cap: um limite máximo para a quantidade de ETH que pode ser validada. Isso permitiria equilibrar a segurança da rede com uma emissão controlada e potencialmente mais deflacionária.
Tornar-se validador hoje requer 32 ETH. Uma barreira alta, que na prática empurra muitos usuários a delegar sua participação a pools ou plataformas centralizadas.
A Beam Chain propõe reduzir esse limite para 1 ETH, ampliando drasticamente a base de validadores e favorecendo a descentralização. Além disso, planeja-se habilitar faixas de staking mais amplas (até 2048 ETH), com um sistema chamado Orbit Staking, que distribui recompensas de maneira proporcional e justa entre grandes e pequenos validadores.
Hoje, a finalidade (ou seja, a certeza matemática de que um bloco não será revertido) demora cerca de 15 minutos. Com a Beam Chain discute-se uma versão aprimorada do esquema de finality gadgets que permitiria alcançar a finalidade em apenas 3 slots, ou seja, 36 segundos.
Isso é especialmente relevante para aplicações DeFi, protocolos cross-chain e qualquer serviço que dependa da segurança da L1.
O Ethereum já explora provas de conhecimento zero na camada de execução. A Beam Chain propõe levar essas técnicas ao próprio consenso.
Isso inclui agregar assinaturas de validadores dentro de provas ZK e compilar implementações de consenso em bytecode verificável. O objetivo: tornar as verificações mais eficientes, aumentar a segurança criptográfica e reduzir custos de validação.
Embora ainda não saibamos quando chegarão computadores quânticos capazes de quebrar a criptografia atual, os pesquisadores do Ethereum consideram prudente se antecipar.
A Beam Chain integraria assinaturas seguras pós-quânticas (como hash-based signatures), preparando-se para um cenário em que as tecnologias atuais poderiam se tornar vulneráveis.
A aleatoriedade é chave no Ethereum, por exemplo, para selecionar validadores. Hoje se consegue com mecanismos seguros, mas no futuro podem ser necessárias fontes mais fortes e verificáveis.
A Beam Chain busca introduzir VDFs (Verifiable Delay Functions), que geram aleatoriedade pública, verificável e resistente a manipulações. Isso não apenas beneficiaria o consenso, mas também aplicações que precisem de acesso nativo a randomness on-chain.
O que vimos não é uma lista de remendos para o presente, mas uma visão de longo prazo. O Ethereum hoje funciona, mas pesquisadores como Justin Drake acreditam que nos próximos anos será necessário repensar a camada de consenso de maneira estrutural.
A conversa já está aberta: você pode seguir as discussões no canal oficial do Ethereum no Youtube e revisar o roadmap completo em
Em próximos artigos vamos aprofundar como essa proposta se conecta com ideias de Vitalik Buterin sobre simplificar a L1 em geral, incluindo o uso de RISC-V como parte desse redesenho.
E enquanto isso, na Eth Kipu seguimos educando, formando e acompanhando a comunidade de desenvolvedores de toda a América Latina, porque acreditamos que entender essas discussões hoje é se preparar para construir o Ethereum de amanhã.
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