Vem aí o aniversário de 10 anos do Ethereum e, nos preparativos para essa celebração, queremos relembrar alguns marcos importantes da sua história. Esta é a primeira de três publicações que vamos compartilhar nos próximos dias, relembrando momentos fundamentais dessa trajetória tão especial que nos trouxe até aqui.
No dia 30 de julho de 2015 foi minerado o bloco gênese do Ethereum. Mas antes de aprofundar o que foi esse bloco, como ele foi alcançado e quais foram suas implicações, queremos voltar um pouco mais no tempo—cerca de um ano antes, talvez um pouco mais. Vamos mergulhar nas origens do whitepaper do Ethereum.
Um whitepaper (ou “documento branco”) é, em poucas palavras, um texto que resume os principais aspectos que se deseja apresentar sobre um projeto. No universo das criptomoedas e da tecnologia blockchain, o whitepaper do Bitcoin havia sido lançado em 2008.
No final de 2013, um jovem e talentosíssimo programador, apaixonado por escrever sobre Bitcoin, de origem russa e criado no Canadá, enviou um e-mail para 13 pessoas com o seguinte assunto: "Introducing Ethereum: a generalized smart contract/DAC platform." Sim, estamos falando de Vitalik Buterin, fundador do Ethereum.
Nesse e-mail, ele apresentava uma versão inicial do whitepaper do Ethereum da seguinte forma:
“Hey all, I would like to introduce the first draft of a whitepaper for a project that I have been working on quietly these last two weeks. The project is called Ethereum (…) If anyone wishes to join the project, feel free to send me an email expressing your interest. Regards, Vitalik.”
Decidimos manter esse trecho no idioma original porque, pelo menos para nós, ele soa mais impactante assim. Ele nos convida a nos colocarmos no lugar de uma daquelas 13 pessoas que receberam essa mensagem (em uma versão mais extensa, claro) e souberam, antes de todo mundo, da tecnologia que hoje está transformando tantos aspectos da internet e do mundo.
Nos meses seguintes, Vitalik trabalhou intensamente com seu time: três cofundadores (Mihai Alisie, Anthony Di Iorio e Charles Hoskinson) e uma equipe com mais de 15 desenvolvedores, incluindo nomes que hoje são altamente reconhecidos no ecossistema Ethereum e na tecnologia blockchain como Joseph Lubin e Gavin Wood, entre outros.
A esse núcleo técnico se juntou uma equipe sólida de marketing e comunicação. Meetups, AMAs no Reddit, postagens em blogs: por meio dessas ações, a ideia do Ethereum foi sendo aprimorada e divulgada.
A apresentação pública do whitepaper aconteceu em 26 de janeiro de 2014 na BTC Miami, uma das conferências mais importantes do ecossistema Bitcoin na época. O Ethereum ainda não existia como rede ou organização, e Vitalik era conhecido principalmente pelos seus artigos na Bitcoin Magazine. Diante de uma plateia focada no Bitcoin, Vitalik apresentou uma proposta muito mais ampla: uma plataforma geral para executar contratos e aplicações descentralizadas sobre uma blockchain.
Nos meses seguintes, a versão oficial e definitiva do whitepaper passou a ser divulgada no site ethereum.org.
Mas além do percurso histórico, achamos importante resgatar os conceitos desenvolvidos nesse documento fundador.
Na primeira parte do whitepaper encontramos uma contextualização histórica. São mencionados antecedentes da criptografia e do dinheiro digital, com foco no Bitcoin, analisando tanto seu poder inovador quanto suas limitações. Também são descritas aplicações alternativas que começavam a surgir sobre o Bitcoin, como Namecoin, Colored Coins e Metacoins.
Depois disso, entramos na parte central do whitepaper, onde o Ethereum é apresentado. E aqui, vale destacar (em tradução):
“O propósito do Ethereum é criar um protocolo alternativo para construção de aplicações descentralizadas, oferecendo um conjunto diferente de compensações que acreditamos ser muito útil para uma ampla gama de aplicações descentralizadas, com ênfase especial em situações onde o tempo de desenvolvimento rápido, a segurança para aplicações pequenas e pouco utilizadas, e a capacidade de diferentes aplicações interagirem de maneira muito eficiente são importantes. O Ethereum faz isso ao construir o que é essencialmente a camada fundamental abstrata definitiva: uma blockchain com uma linguagem de programação Turing-completa integrada, que permite a qualquer pessoa escrever contratos inteligentes e aplicações descentralizadas onde podem criar suas próprias regras arbitrárias de propriedade, formatos de transação e funções de transição de estado.”
O whitepaper segue explicando os conceitos fundamentais do protocolo: mensagens, transações, nonce, funcionamento dos blocos, mineração e mais.
Logo depois chegamos a uma das partes mais fascinantes: as aplicações possíveis do Ethereum. Chama a atenção a visão de longo prazo de Vitalik e do time fundador, que antes mesmo do lançamento da rede já enxergavam o imenso potencial em diversas áreas—muitas das quais hoje compõem uma indústria vibrante e em constante expansão.
As aplicações são classificadas em três grandes grupos:
Com base nessa visão, o Ethereum se propõe como uma infraestrutura para construir ferramentas descentralizadas em várias áreas. Entre os usos antecipados por Vitalik no whitepaper, estão:
Vitalik também descreve de forma clara como o Ethereum permite a criação de sistemas de tokens sobre a blockchain, representando desde ativos como dólares ou ações até pontos de reputação ou propriedade digital. Tudo isso, programado como um simples banco de dados que segue regras definidas por contrato.
Este é apenas um breve resumo do whitepaper. Vamos encerrar por aqui, porque ninguém melhor para explicar tudo isso do que o próprio Vitalik, exatamente como ele fez pela primeira vez em público…
Com vocês, o vídeo da conferência na BTC Miami 2014, onde @VitalikButerin apresentou pela primeira vez em público o whitepaper do Ethereum:
https://www.youtube.com/watch?v=l9dpjN3Mwps
E se você quiser ler por conta própria, aqui está o link para acessar a versão oficial ou “canônica” do whitepaper, datada de dezembro de 2014:
https://ethereum.org/content/whitepaper/whitepaper-pdf/EthereumWhitepaper-Buterin2014.pdf
Se foi emocionante ler esses detalhes do passado da rede, imagina o que você vai sentir daqui a 10 anos, fazendo parte da história que estamos construindo agora.
Essa é a primeira de três publicações sobre a história do Ethereum. Nos próximos dias vamos falar sobre o ICO e o Bloco Gênese.
Vamos seguir conectando o presente com o futuro do Ethereum!
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